A Islândia prestou homenagem no domingo (18 de agosto) ao glaciar Ok (Okjokull), sua primeira geleira totalmente perdida por causa das mudanças climáticas. Cientistas alertam que cerca de 400 outros glaciares nessa grande ilha subártica correm o mesmo risco.
Por: Luis Pellegrini
Uma placa de bronze foi instalada sobre uma rocha nua durante cerimônia realizada no local onde até há poucos anos existia a geleira Ok, no oeste da Islândia. Participaram do evento centenas de jornalistas, cientistas, e moradores que viajaram para o local vindos de várias regiões do país. A placa traz uma inscrição intitulada “Uma carta para o futuro”, e tem a intenção de aumentar a conscientização sobre o declínio das geleiras (não apenas na Islândia, mas em todo o mundo) e os efeitos nefastos das mudanças climáticas. A placa também foi rotulada “415 ppm CO2”, referindo-se ao nível recorde de dióxido de carbono medido na atmosfera em maio passado (415 partes por milhão, o valor mais alto nos últimos 10 mil anos).
O texto inscrito na placa (em islandês e em inglês) é bastante significativo: “Ok é a primeira geleira islandesa a perder o seu status de glaciar. Nos próximos 200 anos, todos os nossos glaciares poderão ter o mesmo destino. Este monumento testemunha que sabemos o que está acontecendo e o que é necessário fazer. Só você sabe se o fizemos”.
As geleiras (também chamadas glaciares) cobrem cerca de 11% da superfície da Islândia. Atualmente, o país perde cerca de 11 bilhões de toneladas de gelo por ano, e os cientistas temem que todas as mais de 400 geleiras existentes na ilha tenham desaparecido até 2200.
Os especialistas em glaciologia já tinham retirado o status de glaciar do Okjokull em 2014. Em 1890, quando o seu processo de derretimento foi detectado, ele era coberto por mais de 16 quilômetros quadrados de gelo. Em 2012, essa quantidade media apenas 0,7 quilômetros quadrados, de acordo com um relatório da Universidade da Islândia publicado em 2017.
De acordo com um estudo publicado pela União Internacional para a Conservação da Natureza em abril, quase metade dos patrimônios mundiais podem perder suas geleiras até 2100 se as emissões de gases do efeito estufa continuarem no ritmo atual.
Vídeo: Euronews