O café era conhecido e usado no Oriente Médio, na região onde hoje se situa a Etiópia, desde os primeiros séculos da era cristã. Segundo a lenda, suas propriedades estimulantes foram casualmente descobertas quando os nômades da região notaram que seus camelos e cabras ficavam excitados depois de comer os grãos de um certo arbusto. Em pouco tempo, os nômades passaram eles próprios a comer os grãos de café.
Os primeiros a usar o café com regularidade, segundo conta o botânico norte-americano Andrew Weil, um grande especialista em “plantas de poder”, foram os místicos muçulmanos, ascetas que buscavam estados alterados de consciência, experiências como meditação, hipnose, transe ou êxtase religioso. Costumavam reunir-se em grupos, uma noite por semana, com o objetivo de cantar e orar até o amanhecer. Como ajuda para essa prática religiosa, tomavam muito café. Mas não o tomavam fora das suas reuniões cerimoniais.
Assim, naqueles dias, o café era uma verdadeira planta sagrada, capaz de transportar o homem para os domínios celestes. Existia apenas num contexto religioso e ritual. Seus bebedores, segundo Weil, extraíam numerosas virtudes dessa planta, conservando o seu poder e nunca sofrendo o problema da toxidade. Com o passar do tempo, a sua popularidade aumentou, e o café saiu do contexto sagrado e pouco a pouco tornou-se uma bebida secular. As pessoas se acostumaram a tomar café cada vez mais frequentemente, sem propósito definido, e gradualmente ele perdeu seu poder e magia.