O Lamento de Dido. Na voz milagrosa de Jessye Norman

Uma das mais importantes obras do período barroco, Dido e Enéas, ópera em três atos de Henry Purcell, é considerada a primeira ópera nacional inglesa, tendo sido a única escrita por Purcell (1659-1695), um dos maiores compositores britânicos de todos os tempos e mestre do barroco.

A ópera foi escrita, em 1689, para o internato feminino Josias Priest, de Chelsea, Londres, a partir de um libretto de Nahum Tate (1652-1715), poeta e dramaturgo inglês. O enredo segue a história de amor entre a lendária rainha de Cartago, Dido, e o refugiado troiano Enéas, narrada no livro IV da Eneida de Virgílio. Quando o mítico herói e sua tropa naufragam em Cartago, ele e a rainha se enamoram. Mas, por inveja, os deuses conspiram contra os amantes e obrigam Enéas a partir, pois seu destino, traçado pelos deuses, é o de fundar uma nova Tróia, a cidade de Roma. Enéas, mesmo blasfemando contra a inclemência divina, aceita seguir viagem e comunica a Dido que partirá naquela manhã. A rainha, esmagada pela dor, imola-se, apesar de Enéas, comovido e mudando o desígnio, afirmar preferir enfrentar a cólera dos deuses a abandoná-la. Tarde demais.

Jessye Norman interpreta a Rainha Dido.

A última ária da ópera, considerada e a mais importante, é o famoso lamento de Dido: When I am laid in earth (“Quando eu descer à terra”), uma das mais tocantes de todo repertório lírico. Poucas cantoras líricas se arriscam a cantá-la, tamanha é a dificuldade interprettiva que a ária apresenta. No vídeo abaixo, a soprano norte-americana Jessye Norman assumiu o desafio e consegue atingir alturas raras vezes igualadas de performance. Seu Lamento consegue intensificar todo o infortúnio da lendária rainha cartaginesa. Para ouvir com som mais alto e de preferência em tela cheia.

Vídeo: Jessye Norman canta “O Lamento de Dido”, da ópera Dido e Enéas, de Henry Purcell. 

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