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Os males da pobreza. Trabalho não qualificado e renda baixa diminuem a expectativa de vida

 

Por: Aurélie Franc – Le Figaro Santé

Fonte: Saúde 247

O cigarro faz perder em média 4,8 anos de vida. O diabetes e a inatividade física, respectivamente 3,9 e 2,4 anos. As pessoas que vivem sob condições socioeconômicas desfavoráveis perdem 2,1 anos de vida em relação às pessoas que desfrutam de condições de vida favoráveis.

Esta é a conclusão de um estudo recém publicado na revista Lancet e que foi conduzido por um consórcio de pesquisadores no contexto do Projeto Lifepath. Financiado pela Comissão Europeia, esse projeto investiga os mecanismos biológicos através dos quais as desigualdades sociais engendram desigualdades em matéria de saúde.

A análise abrange uma amostragem de pouco mais de 1,7 milhão de indivíduos que participaram de 48 estudos levados a cabo no Reino Unido, Itália, Estados Unidos, Austrália, Portugal, Suíça e França. A categoria socioeconômica foi definida em função do trabalho dos participantes: trabalho qualificado, trabalho intermediário, trabalho não qualificado.

Esse fator social provoca uma perda de anos de vida superior à perda provocada pelos problemas de hipertensão.

Fatores de risco de mortalidade

Para medir a importância da renda e do trabalho sobre a saúde, os pesquisadores compararam esse fator socioeconômico com os seis maiores fatores de risco apontados nas estratégias mundiais para a redução da mortalidade prematura: o consumo excessivo de álcool, o sedentarismo, o consumo do tabaco, a hipertensão, o diabetes e a obesidade. Concluiu-se que esse fator social faz perder mais anos de vida que a hipertensão, e quase tantos anos quanto o sedentarismo.

“O status socioeconômico é importante pois ele é o resumo de uma exposição, ao longo de uma vida inteira, a condições e comportamentos perigosos”, ressalta Paolo Vineis,  chefe do Projeto Lifepath. “O objetivo principal do nosso consórcio é compreender as vias através das quais as desigualdades sociais levam a desigualdades de saúde a fim de fornecer provas disso para as instituições públicas e as lideranças políticas”.

O limite da interconexão dos riscos

Os autores do estudo reconhecem no entanto um limite: apesar de sua tentativa de separar os riscos de mortalidade apontados nas estratégias mundiais (tabaco, obesidade, etc), continua existindo uma interdependência entre esses fatores de risco e as diferentes  condições socioeconômicas.

Resta o fato de que, para eles, lutar contra esse fator social de insalubridade e mortalidade é um objetivo capital. Os pesquisadores do projeto trabalham para que, efetivamente, políticas locais, nacionais e internacionais sejam implementadas daqui em diante. Pois, segundo eles, as políticas nacionais de luta contra os demais fatores de risco, como o tabaco por exemplo, beneficiam apenas aquela fatia mais abastada da população para a qual mudar de hábitos é muito mais fácil.