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A pirâmide matriosca de Chichén Itzá. Um mistério maia revelado.

 

Acaba de ser descoberta uma terceira estrutura escondida no interior da pirâmide de Kukulkán, principal monumento do complexo arqueológico maia de Chichén Itzá, na península de Yucatán, no México. A segunda estrutura tinha sido descoberta nos anos 30.

Por: Luis Pellegrini

Uma pirâmide “ao cubo”: o novo mapa do templo maia de Kukulkán, no célebre complexo arqueológico de Chichén Itzá (na península de Yucatán, no México), revela uma terceira camada estrutural ainda mais interna, que até agora permanecera desconhecida.

Representação artística de Kukulkán, a serpente emplumada, uma das principais divindades do panteão dos maias

Representação artística de Kukulkán, a serpente emplumada, uma das principais divindades do panteão dos maias

Essa nova estrutura – uma pirâmide com cerca de 10 metros de altura -, foi descoberta por arqueólogos da Universidade Nacional Autônoma do México, no interior de uma segunda antiga pirâmide com cerca de 20 metros de altura, a qual, por sua vez, está oclusa na pirâmide externa, com 30 metros de altura.

O Templo de Kukulkán (El Castillo), Chichén Itzá

O Templo de Kukulkán (El Castillo), Chichén Itzá

Como as bonecas russas matrioscas 

Erigido em homenagem a Kukulkán, a “serpente emplumada”, divindade do panteão mitológico dos maias, essa pirâmide foi construída como um sistema de bonecas russas (as matrioscas), provavelmente em três fases distintas: a pirâmide menor e mais interna, que acaba de ser descoberta, deve ter sido construída entre os anos 550 e 800 da nossa Era; a pirâmide intermediária, entre os anos 800 e 1000; a mais externa, entre 1050 e 1300. Por sua forma e posição dominante, o complexo foi chamado de El Castillo (o Castelo), pelos espanhóis.

A nova tomografia da pirâmide de Kukulkán, no sítio de Chichén Itzá, mostra os diversos estratos interiores da mega construção maia Foto Unam Universidade

A nova tomografia da pirâmide de Kukulkán, no sítio de Chichén Itzá, mostra os diversos estratos interiores da mega construção maia Foto Unam Universidade

Uma pirâmide dentro da outra 

A segunda pirâmide foi descoberta em 1931. A terceira, menor e não exatamente centrada em relação às outras duas, foi encontrada graças a uma técnica de escaneamento não invasivo da estrutura. O acúmulo de edifícios sobre e ao redor das construções mais antigas dependia de várias razões, tais como a deterioração dos prédios precedentes ou a mudança de lideranças políticas.

Um cenote da Península de Yucatán, no México, é uma reserva de água doce que aflora à superfície

Um cenote da Península de Yucatán, no México, é uma reserva de água doce que aflora à superfície

O sítio arqueológico de Chichén Itzá, na verdade, não para de nos surpreender. O ano passado, por exemplo, descobriu-se que o templo de Kukulkán foi construído sobre um “cenote”, ou seja, uma voragem (sinkhole) natural cheia de água doce. A nova estrutura que acaba de ser descoberta surge exatamente em direção à essa bacia de água doce.

Não se pode ter certeza de que os maias tinham conhecimento da presença do poço, mas o fato de que as pirâmides tenham sido erigidos diretamente sobre eles, e que Kukulkán também fosse divindade associada à água na mitologia pré-colombiana, faz pensar que a posição possa ter sido escolhida de propósito. O estudo das diversas estratificações oferecerá indícios sobre como o povoamento da área se desenvolveu ao longo da sua história.

Vídeo: As pirâmides maias de Chichén Itzá – National Geographic