Chegou ao fim uma era de mitos: Os gatos podem ser tão inteligentes como os cães. Não à toa, no Antigo Egito, ambos eram considerados emanações encarnadas de divindades muito importantes. O estudo da psicologia desses animais nos traz revelações muito interessantes, divertidas e surpreendentes.
Por: Equipe Oásis e vídeo do TED – Ideas Worth Spreading
No Japão, cientistas do comportamento animal parecem ter dado fim a uma antiga polêmica: o nível de inteligência dos gatos é praticamente idêntico ao dos cães. Segundo um estudo feito naquele país, e que analisou testes de memória com 49 gatos domésticos, os felinos conseguem usar memórias de uma experiência singular do passado, memórias de momentos prazerosos, como a sua comida favorita. Este é um tipo de memória que também encontramos nos cães e chama-se memória episódica que, segundo Saho Takagi, psicóloga da Universidade de Quioto, pode estar relacionada com uma capacidade de introspecção, o que sugere que ambos os animais podem possuir alguma consciência. Segundo ela, “um outro dado interessante é que – como os seres humanos – os gatos podem gostar de recordar ativamente as suas memórias”.
Além da memória, cães e gatos têm performances idênticas em vários testes mentais, embora esses resultados possam, naturalmente, variar de acordo com as diferentes raças dos animais.
O que é inteligência?
Um das questões mais complexas – e ainda não bem resolvidas – da ciência é como definir inteligência. De maneira geral, a inteligência está relacionada a algumas capacidades cerebrais (cognitivas) como memória, capacidade e velocidade de processamento (respostas), insight, capacidade de observar e relacionar, de aprender e de reter o aprendizado.
Gatos demonstram todas essas capacidades. São, portanto, inteligentes. Mas, como ocorre com outros animais, alguns gatos são muito mais inteligentes que outros. A inteligência do seu gato vai depender da genética e da criação dele. Gatos filhos de pais inteligentes tendem a ser mais inteligentes, assim como acontece com gatos que foram corretamente alimentados e bastante estimulados, principalmente quando filhotes e na juventude.
O adestrador Alexandre Rossi esclarece em seu site (www.alexandrerossi.com.br) algumas questões bem interessantes a respeito dos gatos:
O gato não se submete a ordens, por isso é mais inteligente.
É verdade que obedecer não é necessariamente um sinal de inteligência. Mas não obedecer também não é. Cães possuem uma predisposição natural para mandar ou ser mandados, já que evoluíram por muito tempo como membros de um grupo em que a hierarquia era fundamental. Se não se submetessem ao líder, poderiam ser expulsos do grupo e até morrer de fome. Com os gatos a situação é bem diferente. São caçadores solitários natos. Nunca dependeram de outros gatos para caçar suas presas. Não precisavam, portanto, se submeter para sobreviver. Conclusão: não devemos esperar que os gatos acatem ordens da mesma maneira que os cães. Não por um ser mais inteligente que o outro, mas, sim, porque um precisa constantemente da nossa aprovação, enquanto o outro, não.
Meu gato sabe até onde o cão do vizinho alcança e se aproveita.
Alguns gatos ficam deitados ou se limpam, relaxados, próximo a cães loucos para atacá-los, mas que não conseguem fazê-lo por causa de uma grade ou muro que impede a aproximação. Como o gato consegue saber exatamente até onde um cão consegue chegar e aproveitar-se disso? Ele tem excelente noção espacial além de ótima memória e é capaz de aprender diversas coisas por observação. Quando está relaxado sobre um muro e olha para o cão, descobre o comportamento do inimigo e até aonde este consegue chegar.
De tão esperto, tem um miado para cada situação
O gato também aprende a manipular seus donos! Proprietários que convivem intensamente com gatos percebem necessidades de seus felinos com bastante facilidade, a ponto de conseguir interpretar miados diferentes e associá-los a diferentes pedidos. O interessante é que essa comunicação se desenvolve à medida que o gato e o ser humano se conhecem melhor e aperfeiçoam a “linguagem”.
Deslocamento oculto e permanência de objetos
Existem diversos testes de inteligência que podem ser aplicados em animais. Dois deles, muito famosos, dizem respeito à capacidade de o animal e o ser humano (bebês e crianças) entenderem que um objeto, ao passar por trás de uma barreira, não desaparece – está simplesmente atrás de alguma coisa. Os gatos possuem essa capacidade, pois demonstram interesse em ir procurar o objeto atrás da barreira, assim que ele deixa de ser visível. Os cães também passam nesse teste.
Mas o gato se sai bem melhor que o cão no teste de deslocamento oculto, no qual é avaliada a capacidade de prever onde um objeto em movimento uniforme aparecerá após passar por trás de uma barreira. Isso é feito pela observação da direção do olhar do animal enquanto uma bolinha passa por trás de uma caixa de papelão, por exemplo. A maioria dos gatos é aprovada no teste: consegue prever o contínuo deslocamento do objeto, pois olha exatamente para o ponto onde a bolinha irá aparecer. Já a maioria dos cães fica olhando para o local onde a bolinha desapareceu…
Quatro curiosidades sobre o nível de inteligência dos animais:
– Os chipanzés conseguem facilmente superar os humanos no que toca a memorizar uma série de números apresentados numa fração de segundo.
– Os polvos conseguem abrir garrafas com aberturas protegidas para as crianças que muitas vezes nós, humanos, temos dificuldade em abrir.
– Tanto os cães como os cavalos conseguem reconhecer a linguagem corporal com muito mais facilidade do que nós, humanos.
– Muito mais espécies do que imaginamos criam estratégias novas e impressionantes para atingir um objetivo, conseguir comida. Muito mais espécies do que imaginamos experimentam a alegria e o sofrimento.
A HISTÓRIA DO MUNDO SEGUNDO OS GATOS – Vídeo TED Ideas Worth Spreading
Por: Eva-Maria Geigl. Direção de vídeo de Chintis Lundgren
Nos tempos antigos, os gatos selvagens eram caçadores carnívoros ferozes. Ao contrário dos cães, que passaram por séculos de reprodução seletiva, os gatos modernos são geneticamente muito semelhantes aos gatos antigos. Como esses predadores ferozes e solitários tornaram-se nossos companheiros do sofá? Eva-Maria Geigl investiga a domesticação do gato moderno.
POR QUE OS GATOS AGEM ASSIM?
Vídeo: TED Ideas Worth Spreading
Por: Tony Buffington
Tradução Ruy Lopes Pereira. Revisão: Leonardo Silva