Um persistente fenômeno atmosférico está na origem da pior estação de tornados dos últimos 40 anos nos Estados Unidos. Cerca de 10 vórtices diários têm sido registrados nas últimas semanas. Os estragos são imensos.
Por: Equipe Oásis
Um tornado se lança sobre a pradaria norte-americana. Veja os mais espetaculares fenômenos meteorológicos em fotos do satélite NOAA.
Na segunda metade de maio, e já entrando no mês de junho, os tornados (*) varreram os territórios do centro-norte dos Estados Unidos com uma frequência exasperante até mesmo para os padrões da Tornado Alley (o assim chamado corredor do tornado), uma macrorregião que, por sua posição geográfica, é com bastante frequência varrida por esses fenômenos.
Apenas entre os dias 17 a 29 de maio foram assinalados pelo menos 225 tornados, sobretudo nos estados de Idaho, Colorado, Texas, Oklahoma, Kansas, Missouri, Ohio, Indiana e Pensilvânia. Por 12 dias nas últimas duas semanas ocorreu um mínimo de 10 tornados por dia, um recorde que permanecia imbatível há 40 anos. Até agora, pelo menos 15 pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e centenas de casas foram simplesmente arrasadas.
Essas centenas de vórtices de vento fazem parte de uma cadeia de eventos meteorológicos extremos que engloba também inundações, picos de neve e gelo (na parte leste do país) e temperaturas muito acima das médias sazonais (no sudeste). Na origem desses fenômenos atmosféricos parece existir sobre os Estados centro-ocidentais norte-americanos uma persistência anômala da corrente de jato polar, um verdadeiro rio de vento que se move velozmente na parte superior da atmosfera, nas altas latitudes.
A corrente de jato polar este ano se deslocou e se estende de modo anômalo em direção ao sul (Ilustração CBS NEWS)
Normalmente, esse fluxo de ar se move do oeste para o leste alimentando modestas perturbações atmosféricas. Nas últimas semanas, no entanto, ele se orientou de maneira insólita (para o mês de maio), estendendo-se muito em direção ao sul e, além disso, assumiu um andamento “ondejante” que varreu essa parte dos Estados Unidos criando as condições para a formação de supercélulas, violentos fenômenos em forma de temporais que podem dar origem aos tornados.
Vídeo CBS News (3 de junho 2019):
Mudanças climáticas
Para os especialistas, é praticamente certa a conexão entre essa extrema amplificação da corrente de jato polar e as mudança climáticas em curso, com destaque para o aquecimento global. Com efeito, já foram encontrados indícios concretos de uma relação entre as temperaturas insolitamente altas no Alasca, a perda dos gelos árticos e o andamento irregular da corrente de jato polar. Pesquisas mais aprofundadas são feitas no momento.
Para os cientistas, estão em jogo variáveis climáticas tão complexas que tornam difícil determinar o papel de cada fator isoladamente. É quase certo porém que podemos esperar que esta seja uma tendência a longo prazo, dado o progressivo aquecimento das regiões ao redor do polo.
Na terça feira, 28 de maio, um estudo publicado na revista Nature denunciou uma conexão entre o rápido declínio do gelo marinho no Ártico e um aumento do transporte de calor e energia na alta atmosfera. Essa energia em excesso perturba o vórtice polar, e essa interferência pode se traduzir em uma corrente de jato com ondulações muito marcadas, que toma a direção sul, como acontece neste momento.
Um outro fator em conexão com a corrente de jato polar e ar quente sobre o Artico é um fenômeno chamado de Oscilação de Madden-Julian (MJO), um núcleo de precipitações anômalas que atravessa o planeta na faixa tropical a cada 30-60 dias. Ao redor do dia 20 de abril foi observada uma intensificação das atividades do fenômeno sobre o Oceano Índico (culminando com uma série de violento ciclones): normalmente, quando isso acontece, ele prenuncia eventos meteorológicos muito intensos como os tornados.
(*) Na natureza existem diferentes fenômenos resultantes das ações dos ventos, das variações da temperatura, da umidade, do clima e de muitos outros fatores. Alguns desses fenômenos são muito temidos pela sua agressividade e pelos impactos por eles gerados. Os principais deles são os furacões, os tornados e os ciclones. Mas você sabe qual é a diferença entre eles?
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que o furacão e o tufão são o mesmo fenômeno, porém em localizações distintas. Quando ocorre na porção leste do Oceano Pacífico ou no Oceano Atlântico, é chamado de Furacão, quando ocorre na porção oeste do Pacífico, é chamado de Tufão. Eles caracterizam-se por serem ventos muito fortes, com velocidades que podem ultrapassar 120 km/h, com um diâmetro que pode variar entre 200 km e 400 km.
Por outro lado, os tornados são mais intensos e destrutivos que os furacões, porém apresentam tamanho e duração menores. O seu diâmetro não ultrapassa 2 km e a sua duração é, em média, de 15 minutos, enquanto os furacões podem durar por vários e vários dias. Apesar disso, as velocidades dos tornados são bem maiores, podendo ultrapassar 500 km/h, o que eleva o seu poder de destruição. Os tornados só podem ser considerados como tal se tocarem o solo, caso contrário, são chamados apenas de “funis”.