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Antropoceno. Um exposição sobre a Terra transformada pela mão do homem

 

Em Bolonha, na Itália, uma grande exposição escancara os efeitos das atividades humanas sobre o planeta. Essas cicatrizes são agora tão evidentes e profundas a ponto de caracterizar uma nova era geológica: o Antropoceno, que dá nome à  mostra.

Por: Luis Pellegrini, de Bolonha, Itália.

Do ponto de vista geológico, a definição de “antropoceno” não é universalmente aceita, mas as mudanças provocadas pelas atividades humanas no meio ambiente estão sendo notadas e estudadas por cientistas de todas as áreas. Nossa espécie, o Homo sapiens é o elemento que, mais que qualquer outro, condiciona os ecossistemas, dos quais explora os recursos como se fossem inexauríveis. Todo esse desfrute, cada dia mais irresponsável, é feito com o argumento de que ele é necessário ao “progresso”, com escolhas muitas vezes míopes e sem levar em conta as consequência a curto, médio e longo prazo.

Uma bacia de decantação de resíduos de fósforo nas proximidades de Lakeland, na Flórida. O fósforo, descoberto há cerca de três séculos, é um elemento fundamental para todas as formas de vida e largamente usado (indispensável) para a produção de fertilizantes para a agricultura industrial em larga escala. O fósforo é cada vez mais escasso na natureza.

Ao redor desse tema foi criada e articulada a mostra “Antropoceno”, uma exploração multimídia da pegada humana sobre a Terra. A exposição foi montada na Fundação MAST (Manufatura de artes, experimentos e tecnologia) da cidade de Bolonha, Itália. O objetivo do mega evento é documentar, através de diversos meios expressivos (fotografias de grande formato, murais, painéis, vídeos e instalações em realidade aumentada) as transformações impostas ao planeta pela mão humana. Nossa Mãe Terra está hoje sulcada por sinais devastadores de desflorestamentos, extração de minérios, urbanização, industrialização, agricultura intensiva, poluição, obras hídricas extremas.

O projeto é fruto da colaboração entre o fotógrafo canadense Edward Burtynsky, que trabalha sobre o tema da destruição ambiental operada pelo homem, os diretores Jennifer Baichwal e Nicholas de Pencier e o grupo internacional de cientistas Anthropocene Working Group, todos eles empenhados em recolher os traços da passagem do Oloceno (uma era geológica iniciada há 11.700 anos com o fim da última era glacial), até a era atual, caracterizada por rápidas e profundas mudanças impostas aos processos naturais do nosso Planeta.

A mostra tem entrada franca, e permanecerá aberta até 22 de setembro 2019. Abaixo, uma seleção de imagens que fazem parte da mostra “Antropoceno”:

No Quênia, toneladas de marfim apreendido são queimadas na tentativa de desestimular os caçadores furtivos de elefantes. Milhares desses animais são mortos todos os anos e suas carcaças apodrecem ao sol. Existe um grande, embora totalmente ilegal mercado clandestino do marfim sobretudo em países asiáticos como a China.


Minas de potássio nas montanhas dos Urais, Rússia.

 

Efeitos do bunkeringsi perpetrado perto das perfurações de petróleo no delta do rio Niger, na Nigéria. O termo bunkeringsi indica o roubo de petróleo em estado bruto conseguido a partir de perfurações nos oleodutos. Essa prática é muito comum em países, como a Nigéria. Ela sustenta uma vasta indústria de contrabando e causa graves acidentes ambientais.

 

O mega lixão de Dandora, perto de Nairobi (no Quênia) é um dos lugares mais poluídos do planeta. Os milhares de habitantes das favelas vizinhas respiram um ar carregado de metais pesados e outros venenos que exalam dos dejetos que são, ao mesmo tempo, a sua principal fonte de renda e sobrevivência. Na foto, algumas pessoas empenhadas na separação seletiva e no furto dos resíduos de plástico, que serão revendidos.

 

A mina de cobre de Tyrone, no Novo México (EUA).

 

As pedreiras de mármore branco de Carrara, na Itália. Na foto, a pedreira de Canalgrande.

 

As favelas flutuantes de Makoko, na periferia de Lagos, capital da Nigéria. É habitada por dezenas de milhares de pessoas (o número preciso nunca pode ser estabelecido). Todos os barracos são construídos sobre palafitas fincadas em águas podres e totalmente poluídas.