A região do Ártico, nas imediações do Círculo Polar, está sendo devastada por incêndios florestais. Vastas áreas do norte da Sibéria, Escandinávia, Alasca e Groenlândia estão ardendo em chamas. O fenômeno não tem precedentes na história.
Por: Luis Pellegrini
O Ártico está sofrendo sua pior temporada de incêndios florestais já registrada, com enormes focos de chamas na Groenlândia, na Sibéria e no Alasca produzindo nuvens de fumaça que podem ser vistas do espaço. A região do Ártico registrou seu junho mais quente de todos os tempos. Desde o início desse mês, mais de 100 incêndios florestais queimaram nas imediações do Círculo Ártico. Na Rússia, 11 das 49 regiões estão enfrentando sérios incêndios florestais.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), o serviço de monitoramento climático e climático das Nações Unidas, chamou os incêndios no Ártico de “sem precedentes”. Os incêndios na região costumam ser provocados por relâmpagos, mas neste ano a situação foi agravada pelas ondas de calor do verão. As temperaturas estão mais altas do que a média em decorrência da mudança climática. O Ártico é a região do mundo onde mais crescem as temperaturas médias anuais.
O fogo é tão intenso que a fumaça pode ser vista até do espaço.
Os maiores incêndios estão localizados na Rússia em Irkutsk, Krasnoyarsk e na Buriátia. Os ventos que transportam fumaça causaram a queda da qualidade do ar em Novosibirsk, a maior cidade da Sibéria.
Na Groenlândia, a chamas na área de Sisimiut duraram vários dias desde que um incêndio de vastas proporções foi detectado a 10 de julho. O fenômeno ocorreu durante um período anormalmente quente e seco, ao mesmo tempo em que, este ano, o derretimento da grande camada de gelo da Groenlândia começou um mês antes do normal.
No Alasca, cerca de 400 incêndios foram registrados. O climatologista Rick Thomas estimou a área total queimada no estado nesta temporada até a manhã de quarta-feira (14 de agosto), em 2,06 milhões de acres. Mark Parrington, cientista sênior do Serviço de Monitoramento de Atmosfera e Serviço de Mudança Climática do Programa Copernicus Earth Observation da Europa, descreveu a extensão da fumaça como “impressionante” e postou uma imagem de um anel de fogo e fumaça em grande parte da região.
Incêndios no Ártico emitiram tanto CO2 em junho quanto a inteira Suécia emite em um ano.
Thomas Smith, um geógrafo ambiental da London School of Economics, disse ao USA Today que incêndios de tal magnitude nunca tinham sido observados desde que o monitoramento da região por satélites foi instalado há 16 anos.
Os incêndios não são apenas o resultado da ignição das superfícies cobertas por vegetação seca: em alguns casos, a turfa subjacente pegou fogo. Esses incêndios podem durar dias ou meses e produzir quantidades significativas de gases de efeito estufa. “Estes são alguns dos maiores incêndios do planeta, com alguns parecendo ser maiores que 100 mil hectares”, disse Smith. “A quantidade de dióxido de carbono emitida pelos incêndios na região do Círculo Ártico em junho de 2019 é maior do que todo o CO2 liberado nos incêndios ocorridos nessa mesma região no mesmo mês de 2010 até 2018 somados.” Só em junho, segundo a OMM, os incêndios no Ártico emitiram 50 megatoneladas de CO2, equivalentes às emissões anuais totais da Suécia.
Vídeo produzido pelo The Guardian: Incêndios sem precedentes queimam no Ártico durante a atual onda de calor – O Círculo Polar Ártico está sofrendo um número sem precedentes de incêndios florestais. O fenômeno é o mais recente sinal de alerta da existência de uma real crise climática em andamento no mundo.