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Zeugma dos mosaicos. Novas descobertas na “Pompeia turca”

 

No início dos anos 2000, durante as obras de construção da barragem da usina hidrelétrica de Birecik, no sul da Turquia, foram encontradas as ruínas da cidade greco-romana de Zeugma, fundada no século 3 antes de Cristo. Chamados às pressas, os arqueólogos ficaram estupefactos: ante os seus olhos apareceu um dos maiores e mais bem preservados conjuntos de mosaicos greco-romanos de todos os tempos. Superfícies de pisos e paredes inteiramente recobertas por mosaicos feitos com peças de pedras e vidros coloridos com motivos, figuras mitológicas e personagens daquela época, bem como cenas da literatura e do teatro. Há pouco, novas descobertas confirmaram a riqueza do patrimônio artístico de Zeugma.

Por: Luis Pellegrini

Zeugma, às margens do rio Eufrates, revela a enorme influência da arquitetura, da estética e da mitologia gregas na cultura romana, que dominava a região na época em que os mosaicos foram produzidos, por volta do Século 1 depois de Cristo. A antiga cidade de Zeugma, também conhecida como Seleukia-do-Eufrates foi fundada em 300 a.C. por Seleuco – um dos generais de Alexandre, o Grande – que nomeou a cidade em homenagem a si próprio. Em 64 aC a cidade foi conquistada pelo Império Romano e teve o seu nome mudado para Zeugma.

Junto à alegria e a admiração despertadas pela grande descoberta, ela também fez com que os arqueólogos fossem tomados por uma grande angústia. Os mosaicos encontram-se a aproximadamente 500 metros do leito do rio e, com a construção da barragem,  toda aquela imensa área seria completamente alagada pelas águas do Eufrates, cujo nível, como estava previsto, subiria cerca de 10 centímetros por dia por um período de 6 meses, até que a represa estivesse cheia. Havia total urgência para salvar tudo aquilo que fosse possível, e os trabalhos dos arqueólogos começaram quase que imediatamente.

Uma equipe internacional de arqueólogos liderada pelo professor Kutalmis Gorkay, da Universidade de Ancara, passou a atuar nas escavações nas encostas que ladeiam o rio. E, a cada dia, mais aumentava o estupor: grupos de mosaicos, em ótimo estado de conservação, surgiam em toda a parte, já que naqueles tempos eram utilizados como revestimento de luxo do piso de casas de representantes da elite local, muito provavelmente patrícios romanos (proprietários de terras, comerciantes e proprietários de escravos) que controlavam as magistraturas da política romana em suas colônias.

As escavações descobriram casas, edifícios públicos e praças de mercado, todas decoradas com maravilhosos mosaicos. Foi decidida então a construção de um museu para abrigar, preservar e exibir as peças encontradas. Assim, em 9 de setembro de 2011 foi aberto ao público o Museu de Mosaicos de Zeugma. O museu possui mais de 8 mil metros quadrados com várias salas de exposição e de conferências entre outras instalações. Suas dimensões e a riqueza da coleção que ele abriga superaram as do Museu Nacional Bardo, em Tunis, até então considerado o maior museu de mosaicos do mundo.

As escavações prosseguem até os dias de hoje, ainda lideradas pelo professor Kutalmis Görkay. Como imagens falam muito mais que palavras, oferecemos abaixo uma galeria de fotos de Zeugma e de alguns dos mosaicos nela encontrados. No final, um vídeo documenta a memorável e bem mais recente descoberta da “Casa das Musas”. Realizada por arqueólogos franceses e turcos, os tesouros nela contidos são realmente de tirar o fôlego.
Galeria de imagens 

Realizados há dois mil anos e ainda quase intactos, os mosaicos de Zeugma continuam sendo descobertos pelos arqueólogos.

 

Mosaicos muito ricos, como o da foto, decoravam as casas dos moradores mais abastados de Zeugma. A maior parte das figuras retratadas são de deuses e heróis da mitologia greco-romana.

“Esses mosaicos eram produzidos pela imaginação dos donos da casa. Eles não eram simplesmente retirados de um catálogo de amostras”, explica o arqueólogo chefe professor Kutalmis Gorkay.

Cada conjunto de mosaicos era pensado para passar um recado específico ao observador. Por exemplo, se o dono da casa fosse um tipo intelectual, seus mosaicos seriam do tipo daqueles encontrados na Casa das Três Musas.

A comunidade internacional dos arqueólogos foi fortemente motivada a colaborar com as escavações quando soube que a área de Zeugma seria inundada pela construção de uma represa.

 

Parte de mosaico após trabalho de restauro no museu de Zeugma.

Os gregos deram à cidade o nome de Seleucia, quando ela foi fundada no século 3 antes a. C.

O Império Romano conquistou a cidade em 64 d.C., mudando o seu nome para Zeugma (que significa “ponte” ou “travessia” em grego).

Os romanos dominaram a cidade até o ano 253 d. C., quando ela foi tomada pelos persas da dinastia dos sassânidas.

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Representação de Oceanus e Tethys, duas divindades marítimas greco-romanas.

Representação de Posseidon, o deus grego do mar, brandindo o seu tridente e conduzindo o seu carro.

 

Detalhe de mosaico guardado no museu de Zeugma.

Esta é uma representação de Tália, a musa grega da poesia.

 

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