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Mistério no Canadá. Sons vindos do fundo do mar assombram os esquimós

Sons não identificados provenientes das profundezas marinhas inquietam e ameaçam a sobrevivência dos inuit – nome atual oficial dos antigos esquimós. Baleias e peixes fogem do local. O que produz esses ruídos?

Por: Luis Pellegrini

Aquilo que parecia ser mais uma lenda inexplicável dos esquimós que vivem na zona ártica do extremo norte, tornou-se agora objeto de investigações por parte dos militares canadenses. Nos arredores de Nunavut (território situado no norte do país) todos falam de sons misteriosos e prolongados que parecem provir do fundo do mar: as primeiras vítimas são os pescadores, que acusam o fenômeno de manter afastada a rica fauna marinha da região, e que é a sua fonte primária de sustento.

Panorama do Estreito de Fury e Hecla, com águas protegidas e bem mais calmas do que a norma no Oceano Ártico.

Panorama do Estreito de Fury e Hecla, com águas protegidas e bem mais calmas do que a norma no Oceano Ártico.

Os sons são descritos como séries de “ping”, “hum”e “beep”, e atingiram uma dimensão tão preocupante, para os moradores locais, a ponto de convencer os militares a investigar, e é isso que eles estão fazendo no presente momento. Aviões canadenses equipados com aparelhagem especial para a detecção de ruídos estão patrulhando a região na tentativa de descobrir o que está produzindo os sons.

Eles parecem ter origem no fundo do mar nas proximidades do estreito de Fury e Hecla (entre a ilha de Baffin e a península de Melville), perto de Nunavut, comunidade Inuit composta por cerca de 31 mil pessoas esparsas sobre um território de 1.750.000 quilômetros quadrados (quase 2 vezes o Estado de São Paulo), uma das zonas habitadas mais setentrionais do planeta.

Os sons misteriosos são ouvidos na área do Estreito de Fury e Hecla, território de caça dos Inuit canadenses.

Os sons misteriosos são ouvidos na área do Estreito de Fury e Hecla, território de caça dos Inuit canadenses.

Zona privilegiada em termos de vida animal marinha

Essa área de mar é território de caça dessa população e nela vivem muitas variedades de focas e baleias. Trata-se de uma área privilegiada, profunda e protegida por faixas de terra e zonas de mar permanentemente congelado, na qual muitas espécies marinhas se concentram durante o inverno para se alimentar e se proteger.

Este ano, no entanto, a chegada dos animais está muito atrasada, e conta-se que alguns cetáceos de grande porte chegaram e voltaram atrás. A culpa é atribuída aos estranhos sons que se difundem em toda a parte, vindos do fundo do mar.

Devido aos sons, cetáceos como esta baleia agora hesitam antes de entrar nas águas do território Inuit, nas quais costumam passar o inverno.

Devido aos sons, cetáceos como esta baleia agora hesitam antes de entrar nas águas do território Inuit, nas quais costumam passar o inverno.

Já durante todo o último verão, a população marinha era muito menor do que normalmente acontece e, como sempre acontece, o misterioso fenômeno deu origem a várias teorias explicativas mais ou menos fantásticas.

Alguns afirmam que a causa é a mineração intensiva de ferro na Ilha de Baffin, a nordeste de Nunavut. Diz-se que a empresa minerada faz sondagens com novos modelos de sonar ultra poderosos no fundo do mar. Mas a Baffiland, a empresa mineradora, nega com veemência que no momento estejam sendo realizadas prospecções submarinas.

As vastidões geladas do Território Nunavut, onde vivem os esquimós canadenses.

As vastidões geladas do Território Nunavut, onde vivem os esquimós canadenses.

Outros culpam a ONG Greenpeace: diz-se que ela produz aqueles sons para afugentar os animais, para salvá-los da caça dos Inuit. Mas o Greenpeace não apenas nega as acusações como diz ser favorável à caça de subsistência dos antigos esquimós, afirmando que eles têm direito inalienável a isso.

Outros ainda apontam para a Marinha dos Estados Unidos, que estaria utilizando sonares de baixa frequência para localizar submarinos “inimigos”. Mas a Marinha norte-americana simplesmente ignora as acusações.

Com efeito, parece altamente improvável que os sons provenham da mineração, do Greenpeace, ou da Marinha norte-americana. Mas então, o que está produzindo os sons que atualmente assombram os pescadores Inuit?

Vídeo: Está é uma das raras gravações dos misteriosos sons publicadas até agora. As gravações foram produzidas na primeira semana de novembro 2016.