A cada dia, novos casos de feminicídio e agressões ganham as manchetes brasileiras. Não são exceções; são sintomas de um problema estrutural que atravessa a vida social, a política, a economia e, sobretudo, a cultura. O país convive com uma violência que tem nome, rosto e padrão: homens que atacam mulheres. E embora existam avanços legais e institucionais, a verdade é que a raiz do problema continua intacta – e, em alguns aspectos, até se aprofunda. Vivemos hoje um choque histórico entre a autonomia feminina e a crise das masculinidades. As mulheres conquistaram espaço, educação, renda, liberdade sexual e voz pública. Mas grande parte dos homens cresceu em uma lógica antiga, que ainda associa o masculino ao controle, à autoridade e ao domínio sobre o corpo e a vida das mulheres. Quando essa velha estrutura é abalada pela igualdade, a reação de muitos é o ressentimento – e, nos casos mais graves, a violência.