Covid-19 e vitamina D. Mortes podem estar ligadas a deficiência dessa substância

 

Cientistas descobrem uma conexão entre a falta de vitamina D no organismo e as mortes pelo coronavírus. O grupo mais vulnerável da população à Covid-19 é também aquele que apresenta a maior carência de vitamina D.

Por: Luis Pellegrini

Uma equipe de pesquisadores da Universidade East Anglia, na Inglaterra, encontrou fortes indícios de conexões entre baixos níveis de vitamina D e maiores taxas de mortalidade nos casos de Covid-19 na Europa. (Science Alert reports).

A pesquisa, conforme detalhado em um estudo enviado para o arquivo Research Square no mês passado, constatou que os níveis de vitamina D entre os cidadãos de 20 países da Europa “estavam fortemente associados” às taxas de mortalidade causadas pela Covid-19.

É importante observar, porém, que correlação não significa causalidade. É muito cedo para saber se existe um nexo de causalidade e se o aumento dos níveis de vitamina D pode ajudar as pessoas a se recuperarem do vírus mortal. Simplificando, provavelmente é muito cedo para os profissionais de saúde recomendarem suplementos vitamínicos.

Alimentos que contêm vitamina D

De qualquer modo, e como era previsível, a demanda por vitamina C e D disparou durante o surto. Os analistas, no entanto, acreditam que é porque a grande maioria das pessoas está em quarentena em ambientes fechados, com acesso limitado à luz solar que aumenta a imunidade.

Mas pesquisas anteriores poderiam ajudar a sublinhar um elo importante entre os dois. Estudos anteriores mostraram que o aumento dos níveis de vitamina D, quando existe carência dessa substância, pode reduzir o risco de outras infecções respiratórias comuns, incluindo influenza e tuberculose, aponta o Science Alert.

O Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido está recomendando que as pessoas tomem 10 microgramas de vitamina D por dia “porque você pode não estar recebendo vitamina D suficiente da luz solar se estiver em casa a maior parte do dia”, de acordo com o site do serviço.

Uma vitamina produzida pelo sol

A vitamina D é comumente produzida por células da pele expostas ao sol. Na falta dele, durante os longos períodos de inverno, ou no momento presente, quando as pessoas estão confinadas em casa por causa do isolamento social pela pandemia, é normal que os índices dessa vitamina no organismo tendam a decrescer.

Vitamina D é produzida naturalmente pela pele ao contato com os raios solares ultravioletas. Mas pode também ser tomada como medicamento.

Mas também é importante interpretar evidências como essa como parte de uma conversa científica maior. Os pesquisadores vasculharam a literatura de saúde existente para catalogar os níveis médios de vitamina D entre os cidadãos de 20 países europeus e depois compararam os números com o número relativo de mortes por Covid-19 em cada país. Um teste estatístico simples mostrou que havia uma correlação bastante convincente entre os números, onde populações com concentrações abaixo da média da vitamina também apresentaram mais mortes por SARS-CoV-2. “O grupo de população mais vulnerável do Covid-19 também é o que apresenta maior déficit de vitamina D”, concluem os pesquisadores em seu relatório preliminar.

Contudo, segundo os próprios médicos que participaram da pesquisa, relatórios transversais como esses não estão isentos de problemas, fazendo pouco mais do que sugerir que algum tipo de relacionamento possa existir. Pessoas que tendem a ter níveis mais altos de vitamina D em seu corpo podem estar fazendo outra coisa que ajuda a limitar a destruição causada pelo vírus, por exemplo. Mas, de qualquer forma, esses primeiros resultados são bastante animadores. Além disso, deve-se considerar que tais resultados também não são surpreendentes, alinhando-se a estudos anteriores mais robustos que também sugerem que níveis saudáveis ??de vitamina D podem reduzir o risco de infecções respiratórias como influenza e tuberculose, além de asma infantil.

A vitamina D é um composto solúvel em gordura que podemos obter a partir de alimentos como cogumelos ou peixes, ou produzidos em nossa pele quando uma forma de colesterol reage à luz solar ultravioleta. A vitamina D é comumente conhecida por seu papel na manutenção dos níveis de cálcio em nossos ossos. A deficiência dessa vitamina é responsável por deformidades esqueléticas, como raquitismo, além de um risco aumentado de degeneração óssea, em condições como a osteoporose. Os pesquisadores estão gradualmente reunindo as funções da vitamina no sistema imunológico, observando sua relação com condições autoimunes e a descoberta de receptores para o produto químico em várias células do sistema imunológico. O modo como ela pode combater infecções por coronavírus – se for definitivamente comprovado que esse efeito existe – certamente será um assunto popular em estudos futuros.

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